A inveja pode ser definida como o desejo de possuir ou ser o que o outro é. Uma dor persistente que leva, na maioria das vezes, a maledicência. " Se eu não consigo subir onde o outro está, tento rebaixá-lo ao meu nível de frustração e infelicidade".
O invejoso é inseguro e prepotente, um atento detetive da vida alheia, sente-se fracassado e inferiorizado, mas, normalmente, disfarça bem com um sorriso irônico e um ar de superioridade. A grande tragédia do invejoso é interiorizar que a felicidade não depende dele, mas da infelicidade dos outros.
A inveja, essa que achamos tão asquerosa nos outros, tem resquícios no íntimo de todos nós, exigindo-nos humildade e vigilância constante dos nossos pensamentos. Ela vem à tona em diversas situações, por exemplo, quando somos comparados com alguém ou a partir nós mesmos, quando nos comparamos com as outras pessoas.
Atos de ciúme ou inveja aparentemente normais e aceitáveis são, na verdade, como ácidos corrosivos que perturbam a nossa paz interior.
Ocorre que, em nossa sociedade egoísta, somos "adestrados" desde a infância a comparar e competir com os outros e não a admirar e se inspirar nas pessoas que julgamos ter sucesso. A inveja é uma fórmula racionalista inventada pelo homem para fugir do que é da própria responsabilidade.
Ela pode se tornar uma atitude crônica que leva a uma paralisia, castigando dolorosamente o invejoso, o impedindo de avançar e ter as próprias ideias. Ele só consegue pensar em copiar aqueles que inveja, abrindo mão da sua originalidade, diminuindo a sua autoestima e se colocando como incapaz de ter sucesso.
Quando aproveitamos a nossa força e energia para superar as nossas limitações, ativamos o nosso potencial interior. Sem nos compararmos com os outros, estamos construindo a nossa própria estrada, sendo únicos e originais, realizando de forma gratificante passo a passo o nosso proposito evolutivo nesta existência.
E, afinal, a inveja pode nos atingir? A inveja é uma emoção dolorosa e perturbadora. É a admiração que adoeceu, adoecendo junto o próprio invejoso.
Analisemos, juntos. Se tudo o que pensamos e desejamos aos outros retorna para nós mesmos, não vamos temer a inveja, pois ao temê-la estamos lhe dando força.
Bons pensamentos e boa conduta são escudos intransponíveis a qualquer pensamento de inveja. Tenhamos compaixão do invejoso que, ao desejar o mal aos outros, lança dardos venenosos contra si mesmo, desejemos-lhe o bem, e o bem retornará amplificado para nós.
Gosto muito de um ditado que diz: "quando é para dar certo, até quem tenta atrapalhar acaba ajudando."
Texto: Jorge Brandão
Empresário e escritor espírita